O rescaldo das Festas de Nossa Senhora de Lurdes e Semana dos Baleeiros é deveras entusiasmante. Em crescendo, como sempre era apanágio nos primórdios do atual esquema “Semana dos Baleeiros”, este ano voltou a assim acontecer. A sessão solene e sarau musical do Dia de Abertura “transferido” para a Matriz lajense, foi uma excelente aposta, fruto dum entendimento saudável entre edilidade e paróquia, como ali bem frisou o pároco Sr. P. Paulo Silva, mostrou-se uma opção acertada já que o templo estava repleto com dezenas de devotos da Senhora de Lurdes e melómanos ansiosos por apreciarem boa música, que não deram por mal empregue as horas ali vividas…
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Durante a semana, a par das novenas sempre de igreja cheia, os atos culturais levados a cabo, desde a atuação do Grupo Coral das Lajes e lançamento do CD “Espírito Santo” e da Orquestra Sinfónica Juvenil de Lisboa, com um final empolgante em que os dois agrupamentos interpretaram em conjunto o tema “Ilhas de Bruma”; lançamentos de livros (cinco viagens marcantes na literatura, citação do Eng. Roberto Silva, presidente da edilidade no prospeto-programa da Semana dos Baleeiros 2011): O Mundo que eu vi, de Genuíno Madruga; Lajes do Pico “Á Ban Baxe Muro” de Sérgio Ávila; “Já não vem ninguém” de Sidónio Bettencourt; Lajes do Pico – Primeira Povoação da Ilha de Ermelindo Ávila; A Montanha cobriu-se de negro de Dias de Melo e a apresentação do Concurso Literário Nacional ”Dias de Melo”; Feiras de Artesanato, do Livro e Exposições várias, com realce para a inédita exposição de Joalharia de Romeu Bettencourt. Filarmónicas, Folclore e muita Chamarrita, desportos náuticos, Regatas de botes baleeiros, espetáculos musicais – noite de fados no adro da Ermida de S. Pedro; José Cid, noite de verdadeira enchente com transmissão nacional da RDP; e muito mais como seja o aumento significativo do numero de tascas-restaurantes para gáudio dos milhares de gente que acorreram às Lajes – vila capital da cultura dos Açores… Assim a classificou o seu presidente o que foi corroborado por Sérgio Ávila na mesma sessão da noite de 3ª feira. Alguns ficaram com amargos de boca… outros rejubilaram e aplaudiram. É assim o salutar e livre “direito de expressão”.
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Mas mesmo o que mais me impressionou foi a Fé dos devotos da Senhora de Lurdes que, com a instabilidade do tempo, com nuvens negras a pairar sobre a vila – e que vieram a desabar com violência para os lados da Almagreira – não arredaram pé e meia hora depois lá saiu a Solene procissão, que percorreu as ruas da vila, passando pela Pesqueira com a saudação dos baleeiros na proa dos botes à imagem da Virgem de Lurdes. O Sermão, esse, por precaução ficou para o fim da procissão, dentro da Matriz, a cargo do excelente orador sacro, o ilustre picoense P. João António das Neves – novo pároco de São Roque, Santo António e Santa Luzia, nomeado a 16 de Julho passado – que teve o condão de prender a atenção da multidão que tornou exígua a imponente matriz lajense, já que toda a sua bem urdida exposição socioreligiosa, estava plenamente adequada ao solene momento de encerramento das festividades, concluindo com a mensagem: “Reparem na imagem da Virgem – tem os pés assentes na terra, mas os olhos bem postos no Céu…”
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P. João Antonio Neves
Depois, no fim, foi a emotiva transladação da imagem do andor para o seu novo altar: o Altar da Senhora de Lurdes, tal como na Gruta de Massabielle e na semelhança do que há muitos anos também acolhia esta centenária imagem, na igreja de São Francisco, nas Lajes… Aí todo o povo de Deus ali presente aplaudiu sem restrições mais este melhoramento na Matriz Lajense… e ainda bem que assim aconteceu.
Nota: Em momento oportuno o P. Paulo Silva, na Matriz, informou detalhadamente as ofertas recebidas para o Altar de Lurdes e respetivo custo total.
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